Descubra os principais insights e tendências revelados pelo ranking da NRF e como eles estão moldando o futuro do setor
Em um espaço de 10 anos, ao avaliarmos as mudanças de posições entre os varejistas com os maiores faturamentos de um país, percebemos uma grande dança de cadeiras. Após alguns anos, alguns players apresentam um importante declínio enquanto outros galgam muitas posições, com aumento substancial de desempenho.
Portanto, observar as mudanças de um ano para outro, como neste ranking da NRF, nos permite perceber pequenas fagulhas que podem virar incêndios, ou seja, leves sinais que podem ser o prenúncio de grandes transformações do mercado.
No Top 100 Retailers 2024, vemos que os varejistas com lojas de grande superfície mantêm suas posições relevantes, ainda que com avanços mais modestos. A exceção coube à rede Target, que mostrou leve declínio de faturamento face ao ano anterior. Walmart, o maior varejista global há mais de três décadas, desde quando ultrapassou as lojas de departamentos Sears, possui uma presença importante nas vendas online, que ajudam a impulsionar o negócio.
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A Amazon, que há alguns anos comprou a operação do Wholefoods, segue testando diversos formatos de loja, seguindo com sua mentalidade inovadora. Não tem medo de testar novos modelos de loja e desistir deles assim que percebe que não teve o resultado desejado.
O que para muitos seria motivo de vergonha, para a Amazon faz parte da jornada empreendedora, do seu modelo mental — a falha faz parte do processo. Querem aprender rápido e, com ousadia, buscar alcançar resultados desproporcionais no futuro em alguma empreitada que se mostre viável.
Assim como a Amazon, a Costco, maior distribuidor global no formato de cash & carry, com faturamento acima de 175 bilhões de dólares apenas nos Estados Unidos, parece irrefreável. Fechou 2023 com 587 lojas, somando 13 lojas ao número do ano anterior nos EUA.
Recuperação pós-pandemia e mudanças nas dinâmicas do varejo
É notório que os efeitos da pandemia no varejo arrefeceram. Como bem trouxe David Marcotte em seus comentários na publicação do ranking da NRF, os níveis de falta de estoque já melhoraram muito em comparação à imensa ruptura que o varejo americano viveu nos últimos anos.
Com as pessoas voltando ao trabalho presencial de forma massiva, o comportamento dos consumidores volta a ter impacto nas compras de conveniência e merece especial atenção dos gestores do varejo para diagnosticar ameaças e oportunidades.
Entre os 10 maiores varejistas, percebemos a mudança de posições entre CVS e Target. A rede de departamentos Target com leve declínio em suas vendas, enquanto a rede de drogarias CVS teve crescimento acima de 7%, mostrando que o seu foco em conveniência e saúde estão dando resultados.
Interessante notar que apenas 5 dos 20 primeiros varejistas americanos perderam vendas. Além da Target, temos a Apple nesse grupo que sofreu um pouco mais em 2023. A rede teve o impacto com a redução de compra de alguns de seus principais itens, como os Macs, e com ciclos de substituição mais longos para seus produtos.
O maior destaque do ranking é o avanço da rede alemã Aldi, no formato discount que, assim como acontece na Europa, segue avançando no mercado americano. A empresa também é da rede Trader Joe´s e, no ano passado, apresentou o impressionante crescimento de 17% nas vendas sobre o ano anterior. As duas bandeiras possuem uma obstinação em manter um sortimento enxuto e com grande foco em suas marcas próprias.
Outra rede que merece atenção é a de mercados de conveniência Dollar General que alcançou o impressionante número de 20.000 lojas — 20.583 lojas, para ser mais preciso. Mais uma vez, evidencia que a questão de conveniência somada a preços baixos tem sido uma estratégia de sucesso.
Três temas estratégicos estão no foco das maiores e melhores varejistas americanas, em busca de diferenciais competitivos e rentabilidade. São elas:
Retail Media – como forma de monetizar os dados, com campanhas publicitárias direcionadas e com uma experiência personalizada a cada cliente;
Serviços financeiros – cartões de crédito, seguros e empréstimos são algumas das novas fontes de receita e engajamento de clientes;
Marcas próprias – oferecendo produtos exclusivos que garantem maiores margens e fidelização de clientes.
Os varejistas buscam, inclusive, sinergia e integração dessas estratégias, ao utilizar dados e insights de Retail Media para desenvolver suas marcas próprias ou, ainda, ao oferecer condições de pagamento exclusivas na compra de suas próprias marcas, incentivando a adoção e aumento de receita.
Seguimos de olho em quem está vencendo no mercado!
Por Antônio Sá, sócio-fundador da Amicci e especialista em varejo