Entenda as estratégias do grande varejo mundial para aumentar o fluxo de clientes e gerar lucros
Nos últimos anos, muito se viu pelas prateleiras dos supermercados um aumento de itens de Marca Própria. E não é por acaso. Grandes redes varejistas do Brasil e do mundo enxergaram nesses produtos uma excelente estratégia de negócio.
Isso porque as Marcas Próprias oferecem preços até 20% menores do que as marcas líderes, sendo uma alternativa viável aos consumidores em tempos de crise.
De fato, a pandemia e a disparada da inflação foram fortes aceleradoras do crescimento das vendas desses itens. Com o orçamento apertado, as famílias se viram obrigadas a mudar alguns hábitos de consumo, optando, por exemplo, por marcas mais baratas.
Mas é a qualidade dos produtos o ponto-chave para que os supermercados fidelizem de fato os clientes e façam com que eles voltem a comprar suas Marcas Próprias.
Enquanto a crise econômica, impulsionada pela pandemia, abre margem para a experimentação, é o valor agregado (embalagens atrativas e funcionais; insumos de qualidade; e bom desempenho do produto) que fará com que o consumidor tenha as Marcas Próprias como primeira opção.
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O desempenho das Marcas Próprias nos EUA
Grandes varejistas americanos como Walmart, Amazon e Target avançam cada vez mais no território das Marcas Próprias. Um estudo da Numerator, uma empresa de dados e pesquisa de mercado, revelou que esses itens correspondem a 17,4% das vendas dos supermercados dos EUA, com participações semelhantes em todas as faixas de renda.
O Walmart, por sua vez, é a rede com maior penetração de Private Label nas residências americanas. A bandeira Great Value, por exemplo, esteve na cesta de compras de 72% dos consumidores.
A pesquisa revelou ainda que, em algumas categorias, os itens de Marca Própria já representam 50% do mercado. Algumas redes, inclusive, apostam em marcas exclusivas como uma estratégia competitiva.
Na Aldi, uma das maiores cadeias de supermercados do mundo, 77,5% das vendas vêm de produtos de Marca Própria nas categorias de alimentos, limpeza, beleza e saúde.
Como os supermercados trabalham a Marca Própria no Brasil
No Brasil, esse cenário não é muito diferente. Embora a participação das Marcas Próprias ainda seja tímida em comparação aos EUA e Europa, nos últimos anos os consumidores já começam a incluir produtos de Private Label no carrinho de compras.
Um levantamento feito pela GS Ciência do Consumo a pedido do Estadão mostrou que, em janeiro de 2022, o brasileiro investiu 22,5% a mais em itens de Marca Própria do que antes da pandemia.
O motivo para isso, segundo a companhia de pesquisa de consumo, é que, além da disparada de preços por conta da inflação, o que tem fomentado esses gastos é a compra de um volume maior de produtos. Algo bastante vantajoso para as redes de supermercados, já que a reincidência de compra se deve à exclusividade da marca, encontrada apenas nas lojas do varejista.
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Cases de sucesso: supermercadistas que apostam em Private Label
Os maiores varejistas do país já apostam nas Marcas Próprias como pilar estratégico do negócio. Um bom exemplo é o Carrefour, a maior rede de supermercados do Brasil, que nos últimos três anos contou com crescimento de 50% de participação das Marcas Próprias nas vendas líquidas.
Para o Estadão, a empresa contou que a meta é ter até o final de 2025 um quarto das vendas de alimentos e produtos de higiene e limpeza voltado para Private Label. O ritmo de lançamentos da companhia está cada vez mais acelerado, tendo hoje mais de 4 mil itens com o logo do Carrefour estampado nos rótulos.
A rede Supermercadista GBarbosa é outro case de sucesso. Com forte presença no Nordeste, a empresa tem no portfólio de Marcas Próprias opções que vão de alimentos e artigos de limpeza à higiene pessoal, pets e bazar; tanto nas lojas físicas, quanto no e-commerce.
Entre 2020 e 2021, a companhia registrou um incremento de aproximadamente 70% nas vendas do quadrimestre. Dentre os produtos do GBarbosa com maior procura estão ovos; feijão; azeite; flocão de milho; papel higiênico; e sabão para lavar roupas.
Motivos para um supermercado investir em Marca Própria
Até aqui, muito se falou sobre como o preço mais baixo das Marcas Próprias dos supermercados é um forte atrativo aos consumidores. Embora essa seja uma excelente vantagem tanto para varejistas quanto para os clientes, investir nessa estratégia de negócio traz uma série de outros benefícios.
Atrelado aos valores competitivos, a Marca Própria oferece aos supermercados uma maior margem de lucro. Como não há investimento em propaganda – um gasto considerável das marcas líderes, a rentabilidade sobre as vendas de itens exclusivos acaba sendo mais vantajosa.
A exclusividade é outro ponto inerente ao desenvolvimento de Marcas Próprias. Isso porque, quando o consumidor é fidelizado pelos produtos de qualidade, para além dos preços atrativos, ele deverá ir até o ponto de venda sempre que quiser adquiri-los novamente.
Além disso, essa exclusividade acaba fortalecendo a imagem da empresa, conquistando a lealdade dos clientes.
Em resumo, os motivos pelos quais os supermercados investem em Marca Própria são:
- Fidelização do consumidor;
- Margens melhores;
- Diferenciação (vantagem competitiva);
- Lucratividade adicional;
- Maior poder de negociação com a indústria;
- Mais opções para o consumidor;
- Preencher lacunas de sortimento;
- Flexibilidade.
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