Brasileiro é um povo desconfiado. Desconfiamos de TUDO.
Por incrível que pareça, isso é cultural e proposital.
Se você foi bem educado, seus pais lhe ensinaram a sempre desconfiar das pessoas.
Quem nunca ouviu em casa frases do tipo: “não aceite nada de estranhos” ou “não ande sozinho a noite”?
Pois bem .. essas mensagens nos dizem que quem anda a noite (que não seja você) pode ser perigoso e se alguém quiser lhe dar algo, essa pessoa pode querer o seu mal.
Eu confesso que demorei muito para me render ao Uber. Bem educado que fui, aprendi que não se deve entrar no carro de estranhos. Preocupações do tipo: “E se ele quiser me levar pro meio do nada e arrancar meus rins?!” sempre passavam pela minha cabeça. E acreditem, eu não sou paranoico.. Só fui ensinado a sempre desconfiar das pessoas. Isso mesmo, ENSINADO!
As Marcas Próprias no Brasil foram muito mal-tratadas no passado. Demos a um povo desconfiado tudo o que ele queria, a confirmação de que ele estava sendo prejudicado. Produtos de má qualidade, má aparência e sem apelo. O resultado, uma aversão brutal a essa classe de produtos.
O curioso sobre o Brasil e o Brasileiro é que essa aversão aos estranhos se reflete em uma lealdade e fidelidade às pessoas próximas sem precedentes em nenhum outro lugar do mundo. Nos desdobramos, fazemos os favores mais absurdos para nossos amigos. Muitas pessoas chegam até a ultrapassar limites éticos para favorecer amigos. Nada admirável e não estou aqui para julgar, apenas observar.
Isso pode representar uma oportunidade única para o nosso mercado. Quem conseguir transpor essa barreira da desconfiança e através de suas Marcas Próprias conquistar uma relação de proximidade e amizade com seus clientes, terá ganho uma fidelidade muito difícil de ser abalada.
Será que o varejo conseguirá conquistar a confiança de seus consumidores através de suas Marcas Próprias?Até mais, estou atrasado e meu Uber está me esperando.